Foi só a partir de 1979, com a criação do Programa de Cidades Históricas pela SEPLAN, que o Governador do Estado da Paraíba, Dr. Tarcísio de Miranda Burity, firmou convênio com o Governo Federal para a restauração completa do conjunto acima citado. Técnicos da Fundação Cultural do Estado da Paraíba e do IPAC tiveram importante participação nesse processo de recuperação. A partir de 1983, a SPHAN, atual IPHAN, assumiu integralmente a execução dos trabalhos.
Depois de concluída toda a restauração interventiva e conservativa, qual destinação se daria ao Conjunto Arquitetônico e seu entorno? Foi a partir de então que se criou o Centro Cultural São Francisco, em 1989. São signatárias do convênio que criou o Centro as seguintes instituições: Governo do Estado da Paraíba, Prefeitura Municipal de João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Ordem Terceira Franciscana Secular, Fundação Joaquim Nabuco e a Arquidiocese da Paraíba, proprietária dos prédios tombados.
Conforme documento em anexo I, “este instrumento visa proporcionar condições de mútua cooperação para possibilitar as atividades regulares do Centro Cultural São Francisco, sediado no Convento de Santo Antônio, localizado na Cidade de João Pessoa – PB, imóvel de propriedade da Mitra Arquidiocesana da Paraíba, tombado conforme processo n. 63-T inscrição n. 407, no livro de Belas Artes, às fls. 78, em data de 16/10/52, que consiste de um núcleo cultural de arte sacra e arte popular no qual serão desenvolvidas atividades culturais e exposições permanentes e temporárias”.
O espaço tornou-se sede do Centro Cultural sob a administração da Arquidiocese da Paraíba, que prontamente dispôs de seus quadros técnicos para, em conjunto com as instituições acima citadas, desenvolver as atividades peculiares ao Centro Cultural São Francisco. Nossa equipe técnica é composta por arquiteto, historiadores, arquivistas, restauradores, guias de visitação, alguns bilíngues, em parceria com a Universidade da Paraíba.
O marco inicial da criação do Centro Cultural São Francisco, além de todo o trabalho de restauração, foi a doação do acervo Brasil Arte Popular Hoje, que se tornou uma exposição temporária. A fim de completar, com a mão da modernidade, esse exemplo raro de arte realizada no Brasil Colonial, através do concurso de brancos, negros e índios, a SPHAN/Pró Memória instalou no segundo andar do Convento a coleção de arte popular contemporânea que foi exibida pelo Ministério da Cultura no Grand Palais, Paris, em 1987, nos quadros do Projeto Brasil-França, e mostrada, no ano seguinte, em Brasília, com altos índices de visitação. Todo este acervo, depois de exposto na França e no Brasil, ficou encaixotado por alguns anos, e o Centro Cultural São Francisco, ao ser inaugurado, foi escolhido para ser o lugar desta exposição de forma permanente, contribuindo para a formação artística não só dos paraibanos, mas também dos diversos pesquisadores do Brasil e do mundo.
Diz Ítalo Campofiorito, que foi Secretário do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Presidente da Fundação Nacional Pró-Memória: “Abrangendo o que de mais representativo existe hoje na criação do povo, de norte a sul do país, com um conceito que é antropológico e estético, essa coleção de arte popular, com seu forte testemunho nordestino, será a maior exposição de arte popular aberta ao público no país, com caráter museológico e nacional, integrada por doação ao Centro Cultural permanente e assistida pelo Núcleo de Pesquisa de Cultura Popular da Universidade da Paraíba”.
O referido Centro, sediado no antigo Convento como citado acima, está inserido em um único sítio urbano entre as cidades históricas do Brasil, abrangendo 8 hectares e 5 mil metros de área construída, formada pelo cruzeiro, adro, claustro, convento e igreja. Possui uma decoração interna de grande labor artístico, como o forro da nave principal.